Home | Posts RSS | Comments RSS | Login

Algo...

segunda-feira, julho 27

Preciso de falar... Acho que se conversar isto com alguém não conseguirei expressar por palavras aquilo que estou de facto a sentir. Mas talvez a escrever consiga retirar dos ombros esta angústia. Não é nada em concreto. Não choro por me terem batido, ou por ter perdido alguém, mas por tudo aquilo que vivi, e por aquilo que vivo... pelos meus actos irresponsáveis, pelas minhas manias, pelas minhas hormonas irrequietas. Parece que a cada momento tenho necessidade de dar o grito do epiranga, de me revoltar, de me emancipar... sem olhar a meios, sem olhar aos meus actos, sem olhar as palavras. Tenho necessidade do meu espaço, da minha liberdade, do meu cantinho bem sossegadinho onde posso por as ideias em ordem. Só que nem sempre posso tomar as minhas decisoes, ou melhor, posso, mas tenho sempre a sensação que elas não partem de mim. É como se fosse influenciada de todos os lados, como se alguem desejasse tomar as minhas decisões por mim, conforme aquilo que lhe pareça melhor. Estou a tentar levar a minha avante. Até que não está ser complicado, só que quando paro para pensar vem sempre esta interrogação à minha mente: "E se tudo correr mal? Depois vais ter que recorrer a terceiros que te vão dizer: Eu avisei-te!" Pfff! A verdade é que as nossas decisões em relação ao futuro são sempre um risco, pois ninguém sabe o que vai acontecer amanhã, porque o amanhã é de Deus. E é aqui que entra a nossa fé. Há que caminhar e arriscar com a confiança de que Deus cuidará do nosso caminho. E se de facto a nossa decisão estiver de acordo com os planos do Pai, havemos de ter a vitória. O problema é quando há incredulidade à nossa volta. Quando há nuvens de maus pensamentos, de feelings negativos que nos fazem duvidar... e aí temos medo de ir, e escondemo-nos nas saias da mãe como se ela pudesse ficar ali eternamente para nos ajudar. Contra mim falo. Quero muito ser livre e independente, mas, como diz o João, a liberdade tem um preço muito elevado. E sinceramente, não sei tenho capacidade de pagar tal preço. Para já sou deveras irresponsável. Depois não sei fazer nada sozinha. Também se pode juntar a isto o facto de ter medo de magoar aqueles que amo. Libertar-me implica ter que tomar umas quantas medidas drásticas, que me irão fazer falar umas quantas frases drásticas, que por sua vez irão causar um impacto... drástico. O que posso fazer? Só penso no facto de não ter, ou não conseguir, falar com alguém bem mais velho, com bem mais experiencia, que me passe um pouco de sabedoria e arte de viver. Quem me dera ter tidos uns avos... Quando falo em avós, falo em tardes de histórias, afecto, vivencias, experiencias, carinho, um abraço e um olhar de orgulho. Olho para todos aqueles que foram ou estão a ser criados com os avós e vejo que é de facto um tesouro, uma riqueza... algo tao belo e maravilhoso. Todos os netos que têm ou tiveram o privilégio de terem aprendido, terem sido criados ou muitas vezes ate disciplinados pelos avós não sabem a sorte que têm. Os meus pais foram praticamente os meus avós (já tinham idade para tal). A minha mãe criou-me em casa com ela, brincava comigo, fazia-me o lanche, aquecia-me o leite no fervedor, lia-me histórias da biblia, contava-me histórias de quando era pequena, de todas as sua vivencias, do facto de no seu tempo a vida ser tão mais complicada...etc. Passou-me tantos valores, embora no meio deles também me tenha passado alguns medos, inseguranças. Fui criada por uma pessoas amargurada com a vida, uma pessoa que nao tem gosto de viver, que se deixa arrastar pelas quatro paredes de uma casa, uma pessoa agarrada ao passado, a tudo aquilo que a fez ser feliz e infeliz, uma pessoa amarrada às recordações, às fotografias a preto e branco, aos tempos em que havia valores, e cavalheiros, etc. Uma pessoa que parou no tempo. Ainda assim não deixo de a amar e valorizar tudo o ue me ensinou. O mundo inteiro podia estar contra mim, que ela sempre me defendia. Nunca fui repreendida na escola porque ela sempre me ensinou a respeitar os mais velhos e a dar-lhes sempre razão. Enfim...
Ao longo de toda esta linha de pensamento ainda não consegui parar de chorar... mas fez-me bem. Limpou-me a alma... (=
Estou de ânimo leve. Obrigado.